sexta-feira, fevereiro 17, 2006

HUNDERTWASSER

A nossa época encontrou no pintor-rei o mais formidável acusador do pensamento totalitário, da energia nuclear às manipulações genéticas, da protecção do ambiente à organização do quadro de vida. Hundertwasser assume integralmente a sua forma de ver perante as contradições da nossa sociedade pós-industrial. O seu trunfo é a sua arte, a criadora do belo: da harmonia natural, da paz, da felicidade.
Nenhum criador visionário e responsável esteve tão presente como ele em todos os momentos quentes dos últimos cinquenta anos, para aí fazer ouvir a voz generosa de uma consciência livre. Onde for necessário desmistificar um abuso de poder económico ou político, um excesso tecnológico, um ultraje à natureza, Hundertwasser está presente pela virtude clarificadora da sua arte, dos seus posters, dos seus discursos.
Tudo está inscrito na sua pintura que é o revelador da sensibilidade, o livro aberto do destino: ela traduz a intuição em imagens e essas imagens inspiram as principais orientações do pensamento e da acção.
À globalização de uma cultura subserviente à economia, o pintor-rei opõe a resistência compacta e coerente de um indivíduo que resolve passar a vida a cultivar e enriquecer a beleza da sua relação pessoal com o mundo: o desenrolar da expiral concêntrica das cinco peles do homem.
A sua única arma é a arte, concebida como o completo potencial humano da sua criatividade: um potencial cujos resultados actuais, por mais parciais e pontuais que sejam, já provaram ser convincentes apesar dos obstáculos e da oposição que suscitam. O número de pessoas que vive melhor por causa de Hundertwasser, está destinado, pela força das circunstâncias, a aumentar de forma continuada.
É esse o poder da arte: Hundertwasser oferece-nos uma espantosa e cativante forma de a usar - primeiro para viver, em vez de sobreviver, e depois para viver sempre melhor.
O pintor-rei das cinco peles vê o mundo como um quadro sempre mais belo. Tudo vem da arte e regressa à arte.
Pierre RESTENAY
Paris, Setembro 1997

À Rédea Solta

2 Comments:

At sexta-feira, 17 fevereiro, 2006, Blogger Isabel Magalhães said...

Aqui estou... e como ideia achei girissima.

Afinal, se há por aí quem faça o blog à custa dos leitores, plagiar assumidamente parece-me muito mais honesto. :)

Aliás, até creio que já alguém disse "Só plagiamos os que admiramos". :)

Obrigada, pois, pela 'homenagem'! :)

Um []

 
At quarta-feira, 13 setembro, 2006, Anonymous Anónimo said...

Para mim Hundertwasser foi uma descoberta maravilhosa.
Sou professora de Ciências da Natureza e comecei logo a pensar quão maravilhoso seria um projecto educativo para a disciplina, alicerçado nas ideias deste mestre.
As escolas ficariam bem mais bonitas :)
Um abraço e parabéns pela referência.
Fátima Chavarria
http://videonaescola.blogs.sapo.pt

 

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