segunda-feira, março 13, 2006

O tempo do corpo?

Duas gerações atrás não havia transportes públicos. Era normal uma pessoa fazer uma dúzia de quilómetros a pé por dia só para ir trabalhar. Essa caminhada proporcionava ao caminhante um momento de meditação. O efeito calmante desta actividade equipara-se a uma dose de Prozac, sem efeitos secundários.
No tempo da segunda guerra mundial, e não só, a comida não abundava. O que se poupava na Quaresma, ajudava a celebrar melhor a Páscoa.
O jejum, nem sempre voluntário, era uma oportunidade de renovação espiritual. Usávamos o corpo todos os dias.
No dia em que passei a ter um carro só para mim, perdi um pouco mais de contacto com o meu corpo. Para o recuperar, tive de pagar bem caro para andar na passadeira do Health Club os quilómetros que deixei de andar a pé.

Não será a explosão de corporeidade de que fala o Manuel a soma das diversas tentativas de evitar os efeitos nefastos da diminuição da nossa actividade corporal no dia a dia?
Esta diminuição levanta também novos problemas de natureza religiosa.
É necessário encontrar formas alternativas de utilizar o corpo que nos ajudem a manter o equilíbrio espiritual.Quando se tem de lutar pela sobrevivência, muita coisa é clara. Quando já não temos de o fazer, a vida complica-se sobremaneira.
Até é preciso descobrir-lhe um sentido!Muitos grupos religiosos descobriram que unir as palmas das mãos ajuda a atingir uma certa paz interior.
O cristianismo também. Mas este acto é apenas o grau zero da interacção corpo-espírito.Alguns grupos protestantes redescobriram a longa experiência do Zen nestas questões.
Dentro da igreja católica quase só os jesuitas, herdeiros dos exercícios de Loyola, lhe dão a importância que merecem.
Vale a pena que nos debrucemos um pouco mais sobre elas.
Fica para breve.

Prozac Land