sábado, março 04, 2006

Kerala

Quando primeiro ouvi falar de Kerala, há mais de dez anos, pensei que se tratava de uma curiosidade antropológica, como as aldeias comunitárias que o Salazarismo submergiu. O que eu sabia é que dentro da Índia havia uma ilha de bem estar. Uma população alfabetizada, saudável, e com uma esperança de vida bem superior ao resto do país. Guardei num cantinho do cérebro e não pensei muito mais nisso.

Venho mais tarde, recentemente, a descobrir que Kerala é um estado indiano com 30 milhões de habitantes, com um rendimento per capita que é 2/3 do resto da Índia, mas onde os níveis de saúde e educação rivalizam com, por exemplo, os Estados Unidos mas com 1/70 do orçamento. Tudo terá começado ainda no século 19, quando o governo Britânico deixou os Rajahs locais delinearem a administração do território. Foi nessa altura encetado o que seria um modelo de desenvolvimento planeado e sustentado que dura até hoje.

O resultado é uma esperança de vida 12 anos superior à do resto do pais, níveis de alfabetização nos 90%, a convivência pacífica de 3 religiões, uma taxa de crescimento populacional controlada, onde as famílias têm em média 2 filhos.

Kerala paga o preço da sustentabilidade com uma elevada taxa de desemprego, já que os seus requisitos laborais e ambientais afastam as mais diversas indústrias de se instalarem no território. Por outro lado, isso é compensado pela taxa de sucesso dos seus emigrantes, que remetem importantes quantias para o território.

Kerala recebe a atenção dos que olham para o seu caso como um exemplo que bem poderia ser replicado em muitas outras partes do mundo, mas também dos que esperam a sua falência para demonstrar que tais modelos são romantismos insustentáveis.

Aqui está um artigo que desenvolve o tema.

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