sábado, fevereiro 18, 2006

"Portugal manda desenrascar"

Façam a seguinte experiência: vão ao site da wikipédia e digitem "desenrascanço"... o resultado é este :o) Sim, existe uma definição de "desenrascanço" (bela palavra portuguesa, com certeza), em inglês (caso para dizer que "é para inglês ver" hehe), que remete para esse traço tão tipicamente português que é o desenrascanço ou a capacidade prática do improviso à última da hora (obrigado Miguel pela indicação desta "pérola"). Senão vejam:

It is used to express an ability to solve a problem without the adequate tools or proper technique to do so, and by use of sometimes imaginative resourcefulness when facing new situations. Achieved when resulting in a hypothetical good-enough solution.

Gosto particularmente da "hypothetical good-enough solution". Isto seria para rir, se não houvesse quem, em Portugal, tivesse orgulho de ser assim e dissesse, à maneira bem portuguesa, que "é a vida, o que é que se há-de fazer". Ou como diria o Rui Unas "eu sou assim, eu sou assim, são coisas minhas..." E reparem bem na "melhor" maneira de desenrascar o arranjo de um ar-condicionado sem recurso a meios técnicos adequados (nem uma simples escada ou escadote)... "Para quê? Para quê contratar um profissional especializado se eu até tenho conhecimento de electrodomésticos - tenho conhecimento que eles existem, sei ligá-los e desligá-los... logo, sei arranjá-los... não deverá ser assim tão complicado..."

Assim sendo, considero que o facto de se afirmar o "desenrascanço" como tipicamente português sem se preocupar com o que isso significa não deveria acontecer (não é grave, mas não é desejável). Isto porque "desenrascanço" não me parece ser sinónimo de "algo bem feito", mas precisamente o contrário... não diz isto muito acerca do modo como se conduzem as coisas neste país "à beira-mar plantado"?

Pois então, fica à vossa consideração... Quanto a mim, considero que muitas vezes sou "vítima" desta característica supostamente "tipicamente portuguesa"... mas também o são muitos não-portugueses... O que é facto é que devemos deixar estas representações da identidade nacional no passado e abraçar uma nova etapa e um novo desafio nesta era da Globalização: a de abandono do estigma da semi-periferia (ou periferia completa em alguns casos) e afirmarmo-nos como pertententes a esta nova realidade multicultural de corpo e alma. Mas com filosofias do "desenrascanço" não vamos lá, não...

Coexistência Humorística

1 Comments:

At domingo, 19 fevereiro, 2006, Blogger João Dias said...

Visto que o autor do post não apareceu por aqui, venho eu agradecer o plágio que obviamente é honroso.

Obrigado e disponha.

 

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