Lembro-me sempre dos dias em que vinhas carregado de palavras
E eu te ouvia pela madrugada
Era como se fosses barco e trouxesses contigo o vento
Ou os salpicos de espuma sobre a promessa do tempo eterno
Pousava o braço no calor da tua pele e acreditava
Que a viagem seria longa.
Lembro-me também das borboletas nos jardins
E até do aroma das árvores que costumavam abrigar-nos
Quando éramos muito novos e descobríamos sempre o lado de lá dos espelhos.
Se abrir as gavetas encontro ainda as imagens
Guardei-as sem ordem
Para não ter de encadear o tempo dentro dos olhos;
Mas isso é nos dias em que me sento ao lado da memória
E dou comigo a questionar todas as razões.
Agora, sem mapa que me leve ao rumo inicial
É nas minhas mãos que leio geografia alternativa.
Palavras em Linha
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