Dilema Cultural!

A cada dia se assiste mais e mais a um desaparecimento do convívio, das conversas, da partilha de histórias e de experiências. Vive-se o isolamento quase ao limite, porque estamos sós, mas não sozinhos; ao nosso lado caminham outros tantos, pelos quais passamos e nem damos conta. E a juntar-se ao individualismo crescente, emergente das sociedades modernas em que o trabalho, a procura desenfreada por melhores condições de vida ditam o dia a dia dos Portugueses, temos as novas tecnologias que nos atiram para um comodismo quase preguiçoso, os MP3, os DVD’s, os PC’s, as consolas, até mesmo a televisão que por momentos nos parece fazer companhia, nos levar ao encontro dos outros. Na realidade era isso mesmo que queríamos: continuar a ter o que temos, a fazer o que fazemos, mas ter sempre os outros a acompanhar-nos. Esta impossibilidade, este estar e não estar que nos afasta do que somos, também nos afasta do melhor que pode ser a vida.
Será que ninguém sente falta dos momentos de convívio antes, durante e após uma sessão de cinema, de teatro ou mesmo no café?
Hoje em dia, incutimos uns aos outros a pressa, o recurso ao fast food, ao comer em pé, ao viver agarrado a máquinas que tanto nos ligam como nos afastam dos nossos semelhantes. Chegamos mesmo a deixar de ter opinião, parecemos robots nas mãos uns dos outros, agimos como agimos conformados, temos a opinião que temos porque ouvimos alguém na TV dizer que era assim, vestimo-nos, penteamo-nos e até mesmo falamos de determinada forma, porque assim vimos, ouvimos os outros na TV.
Enfim, deixamos de ser nós próprios para sermos mais iguais aos outros. A televisão que podia ser percursor da cultura e da educação deste povo, restringe-se ao facilitismo de massas.
Conformados, aceitamos tudo isto, mesmo que no fundo o saibamos errado.

ARTE LUSITANA!