Um dia...
Ainda é grande o silêncio
que temos dentro.
Levamos
a sua lenta abóbada de tempo
cumprindo as estações e a rotação dos anos.
Mas, sobretudo, vamos crestando e sendo
a uma astral experiência.
Vamos adquirindo essa tez translúcida dos velhos
que sabe à estrutura dos planaltos.
E, um dia, iluminados, entraremos
pelo portão sagrado,como quem deu por si em pensamento,
com todo o seu silêncio iluminando.
Tinhas este poema do Fernando Echevarría, numa folha amarelecida pelo tempo, dentro do último livro que leste. Não sei se foi de ti que herdei o meu gosto pela Poesia e pelos Poetas, mas sei que a palavra Saudade é a maior força poética que conheço… por isso, deixo-te aqui outro dos teus poemas preferidos…
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos.
Por isso temos braços longos para os adeuses,
mãos para colher o que foi dado,
dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrela a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos.
Por isso precisamos velar,
falar baixo, pisar leve,
ver a noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
uma canção sobre um berço,
um verso, talvez, de amor,
uma prece por quem se vai.
Mas que essa hora não esqueça
e que por ela os nossos corações se deixem,
graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
para a esperança no milagre,
para a participação da poesia,
para ver a face da morte.
De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem;
da morte apenas nascemos, imensamente.
[Poema de Vinicius de Morais]
Um dia voltaremos a ler juntos Poesia…
meninamarota
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home